9 de set. de 2009

Morre o crítico de comida e vinho Saul Galvão

Os leitores do Estado e do JT nos últimos trinta anos aprenderam que o vinho e a comida tinham um rosto. Uma feição conhecida, onde se destacava um vasto bigode. Os prazeres da bebida e da gastronomia tinham, em suma, a cara de Saul Galvão. Crítico de restaurantes, culinarista, conhecedor de tintos, brancos, espumantes, Saul Galvão de França Júnior morreu nesta quarta-feira, 9, aos 67 anos, de complicações advindas de um câncer. Ele vinha se tratando há dois anos e, até julho, publicou sua coluna de vinhos no Paladar. Saul nasceu em Jaú - "modéstia à parte", como ele dizia - em 3 de abril de 1942. Veio para São Paulo em 1960 para estudar direito no Largo São Francisco, mas não concluiu o curso. Partiu em busca de um ganha-pão mais imediato: começou a trabalhar como jornalista. Em 1978, começou então no JT sua trajetória de crítico de restaurantes. Ele entrou no lugar de Paulo Cotrim, um dos precursores desta modalidade de jornalismo em São Paulo. No início, acumulou os temas gastronômicos com as lides políticas (ele era chefe de reportagem da editoria nacional). Nos anos 80, aproveitando as viagens frequentes à França, fez estágios em restaurantes consagrados como Moulin de Mougins e Troisgros. Tanta informação acabou dando origem a seu primeiro livro, Os Prazeres de Mesa (1987). Vários outros viriam, como os Prazeres da Mesa 2 (1995) , A Cozinha e seus vinhos (1999) e A Essência do Sabor. Ao mesmo tempo, havia o mundo do vinho. Saul era um dos maiores experts do Brasil, ainda que a erudição jamais tivesse se transformado em afetação. "Ele era de longe o maior conhecedor do país. Mas era uma pessoa simples, cativante", lamenta Belarmino Iglesias Filho, da rede Rubaiyat. Além da grande sensibilidade como degustador, tinha conhecimentos técnicos e históricos. Em 1992, lançou seu livro mais conhecido nesta área, Tintos e Brancos, referência até hoje para amadores e profissionais. Saul gostava de descomplicar, de mostrar que a boa mesa não devia ser tratada com esnobismo, mas apenas apetite. A paixão pelos sabores ele transformou em slogan pessoal, não só no jornalismo impresso mas na Rádio Eldorado e em seu blog no estadao.com.br: O negócio é passar bem. O corpo de Saul foi velado em Jaú, sua cidade natal, às 16h desta quarta. Em São Paulo haverá a missa de sétimo dia. Como ele costumava dizer, na hora de ir embora: "Messieurs et Dammes!On y va" Blog Paladar/Estadão

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