Entrar no mercado de ações não é apenas para os que têm muito
dinheiro. Quem consegue poupar um mínimo de R$ 100,00 todo mês pode
tentar formar, ao longo de alguns anos, um patrimônio razoável para ser
usado, por exemplo, como complemento da aposentadoria. É isso o que
tenta mostrar o Instituto Nacional dos Investidores (INI), que lotou o
auditório do Uniceub, no sábado, com jovens e investidores de meia
idade, todos querendo aprender a aplicar recursos, evitar perdas e
ganhar um pouco mais do que na velha e tradicional caderneta de
poupança.
“Quero aprender a investir na bolsa”, disse o funcionário da Caixa
Econômica Federal Cláudio Bonini. Ele contou que sempre fez alguma
poupança, mas que suas opções de investimento se restringiam à caderneta
e aos fundos de renda fixa. Agora, com a aposentadoria no horizonte,
Bonini acredita que precisa buscar alternativas mais rentáveis, que
garantam o padrão da família. “Pretendo começar a investir em ações.
Para isso, tenho que perder o medo de fazer uma opção errada.”
O gerente do INI, Paulo Portinho, reconheceu que, à primeira vista,
parece difícil. “Ficar rico dá trabalho”, brincou com a plateia. Ele
disse que o segredo está em aportar pequenos valores, regularmente, em
ações de companhias sólidas e com boas perspectivas de crescimento. “O
investidor pode ser sócio de uma empresa e se beneficiar do lucro que
ela dá a médio prazo, em geral bem superior ao rendimento de um fundo de
renda fixa”, observou.
Quem tem pouco dinheiro para começar e não sabe como encontrar uma
corretora pode se associar a outras pessoas na empreitada. “Num clube de
investimento, o aplicador vai contar com orientação, vai aprender a
acompanhar o setor e, quando já contar com um montante razoável, já terá
acumulado conhecimento para fazer suas próprias opções”, ponderou o
analisa de finanças e orientador do INI Jucemar José Imperatori.
Outra dica do INI é que o investidor não deve ficar frustrado com o
valor dos dividendos recebidos. “Todo ganho deve ser reinvestido. Lá na
frente, isso vai fazer uma diferença enorme”, assegurou Portinho. E o
mais importante de tudo: tomar conta do seu dinheiro. “Não é uma tarefa
fácil”, reconheceu.
CVM alerta para golpes
O primeiro passo que o investidor deve dar para começar a aplicar seu
dinheiro em ações é procurar uma instituição habilitada à prestação
desse serviço. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) põe à disposição,
em seu site na internet (www.cvm.gov.br), a relação das distribuidoras
de valores, corretoras e bancos de investimento autorizados a funcionar
pelo Banco Central e devidamente registrados para essa função.
“Corretor não autorizado é um perigo”, avisou o chefe do Centro de
Estudos do Mercado de Capitais da CVM, Félix Arthur Garcia, no seminário
no UniCeub. Ele também chamou a atenção dos possíveis investidores para
não se deixarem enganar por práticas inadequadas de negociação, como
anúncios em jornais com ofertas de compra, ligações telefônicas ou mesmo
a atuação de pessoas tentando negociar ações nas portas de bancos.
Irregular
Além de se arriscar a ter problemas legais, o aplicador pode perder
dinheiro. “Os preços de vendas dessas ações acabam sendo muito
inferiores aos negociados nas Bolsas de Valores”, avisou. Segundo
Garcia, outro cuidado que se deve ter é verificar sempre a lista de
pessoas e instituições que estão impedidas de atuar no mercado de ações.
Elas foram punidas pela CVM por terem feito alguma operação irregular.
Essa lista também está na página da CVM na internet, no espaço destinado
a alertas.
Existem também companhias que, por não cumprirem as determinações legais
— como o fornecimento dos dados solicitados pelas autoridades —, têm a
negociação de suas ações suspensa ou até mesmo cancelada. “Nessa
situação, o investidor não consegue vender os papéis porque eles não
podem mais ser objeto de transação na bolsa”, explicou Garcia. (VC)CorreioBraziliense
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