13 de mai. de 2009

Transplante de células-tronco do próprio paciente reverte diabetes tipo 1

Maio 13, 2009 by Nilnews

Estudo brasileiro inédito revela que o pâncreas de diabéticos tipo 1 está voltando a funcionar após o transplante de células-tronco do próprio paciente, livrando-o da necessidade de insulina.

Os resultados da pesquisa, que acompanha 23 voluntários há mais de quatro anos, estão publicados na edição do “Jama” (jornal da Associação Médica Americana).

Os autores constataram, pela primeira vez no mundo, que os níveis do peptídeo-C, uma espécie de marcador do funcionamento das células produtoras de insulina, aumentaram nos pacientes submetidos à terapia.

Essa substância é um dos resíduos da produção do hormônio pelas células beta do pâncreas. Ou seja, quanto maiores suas taxas, maior a produção de insulina e menor o risco de complicações associadas ao diabetes, como amputações.

“O nível dele não só deixou de cair como aumentou”, comemora o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, da USP de Ribeirão Preto, e um dos autores do estudo. “Isso significa que o pâncreas está voltando a funcionar”, explica ele. “Esses pacientes produzem mais insulina do que quando chegaram até nós.”

A maioria dos voluntários deixou de usar hormônio sintético há mais de três anos, em média, com bom controle da glicemia. “Temos pacientes livres há quatro anos e oito meses, com excelente qualidade de vida, sem picos de hipoglicemia”, diz Couri.

O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, em que o próprio sistema de defesa do corpo passa a atacar o pâncreas. A terapia com células-tronco, ao que parece, consegue combater essa falha imunológica, mas não recupera as áreas destruídas da glândula. Daí a necessidade de aplicá-la em pessoas recém-diagnosticadas.

Medicamento

Outro resultado inédito apontado pelos autores foi o efeito da droga sitagliptina, indicada para diabéticos tipo 2, em dois dos pacientes que voltaram a precisar da insulina. Com dois meses de medicação, eles ficaram livres do hormônio sintético. A droga estimula a secreção de insulina pelo organismo. Hoje tais pacientes controlam a glicemia tomando esse remédio uma vez ao dia.

Em 2007, com a publicação dos primeiros dados do transplante de célula-tronco, o trabalho recebeu duras críticas da comunidade científica internacional, que atribuiu os bons resultados a um período conhecido como lua de mel, em que mudanças na dieta e exercícios, aliados ao acompanhamento médico, seriam os responsáveis pelos benefícios.

Para o Dr. Voltarelli, ainda não se pode falar em cura do diabetes. “Mas talvez estejamos trilhando o caminho para isso.”

Novas terapias

O estudo da USP-Ribeirão ainda recruta voluntários e testa formas menos agressivas e mais baratas para corrigir falhas no sistema imunológico. Agora eles estão testando outra linha de pesquisa na tentativa de desligar o sistema imunológico doente sem usar quimioterapia, lançando mão das chamadas células-tronco mesenquimais, presentes no organismo.

Os participantes do estudo devem ter entre 12 e 35 anos e menos de seis semanas de diagnóstico de diabetes tipo 1. Os candidatos podem escrever para ce.couri@yahoo.com.br.

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