Em vez de um grande número de governadores, o presidente Lula trabalha para que o PT e a base aliada elejam maioria estável no Senado.
Na lista de prioridades do presidente estão a eleição da ministra Dima Rousseff (Casa Civil), em primeiro lugar, de parlamentares aliados para o Senado e a Câmara, nessa ordem, e os governadores estaduais.
A diretriz de Lula sofre a oposição dos candidatos petistas a governador, que têm reclamado do chefe nos bastidores do partido.
Em conversa recente com amigo petista, Lula explicou suas razões. No exercício do cargo, o presidente, segundo o interlocutor, observou os partidos terem preocupação muito grande com a eleição de governadores que já não teriam mais a mesma – para não dizer nenhuma – importância que em outros períodos da República. A não ser o eventual controle da bancada de deputados.
A razão dessa perda de importância seria o capítulo da ordem tributária da Constituição de 1988, que concentrou os impostos no cofre da União. Curiosamente, o relator deste capítulo foi o então deputado e atual governador de São Paulo, José Serra, potencial candidato do PSDB à sucessão de Lula. Hoje, os governadores dependem da União e não é à toa que os eleitos pela oposição passem o mandato tentando manter boas relações ou correndo atrás do presidente, com o chapéu na mão.
No exercício dos dois mandatos, Lula não tardou a compreender o seguinte: é mais fácil negociar com a Câmara, ainda que os deputados sejam muito mais numerosos. Também é maior o número de partidos com assento na Casa. Além dos cargos na administração federal, o presidente também dispõe do poder de liberar emendas parlamentares ao Orçamento, sempre um bom instrumento de barganha na hora de votar projetos de interesse do governo.
Já a conversa com os senadores é bem mais difícil e tortuosa. Desde o primeiro mandato, o Senado, dominado pelo PMDB, tem sido fonte permanente de problemas para Lula. Do Senado das CPIs e rejeição de indicações presidenciais para agências reguladoras, ao Senado do aliado incômodo dos dias de hoje, o presidente da Casa, José Sarney, que tanto pode criar dificuldades como resolvê-las para o governo. O governo é majoritário, mas trata-se de maioria instável, sempre sujeita ao humor da maior bancada, o PMDB.
Preocupa o PT o fato de Dilma estar crescendo não por si mesma, mas pelo carisma e popularidade de Lula. A ministra da Casa Civil não tem simpatia e nem de longe pode ser considerada carismática como Lula e lhe falta experiência política. Enfim, uma completa falta de atributos para lidar com as complexas negociações com o Congresso, particularmente com o Senado.
Mas Lula está convencido de que vai elegê-la. E entende que ela vai precisar de maioria no Senado para dar estabilidade a seu governo. Para a continuidade do projeto do PT, portanto, as eleições para o Legislativo deveriam ser mais importantes do que as de governador. Já para o PMDB as eleições estaduais são fundamentais – é nos Estados que reside a força do partido que passou a ser quase sinônimo de federação.
O problema é que o PT tem candidatos que considera fortes na maioria dos Estados reivindicados pelo PMDB para a coligação nacional com Dilma na cabeça de chapa.
O ministro Tarso Genro é pré-candidato no Rio Grande do Sul. O PMDB deve ir de José Fogaça, prefeito da capital, ou lançar o ex-governador Germano Rigotto. É um lugar difícil para Lula intervir. Mas a oposição gaúcha não se entende e pode abrir brecha para sua arbitragem. O Sul era território pemedebista e petista, mas a divisão da oposição abriu espaço à eleição da governadora Ieda Crusius (PSDB) em 2006.
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