12 de mar. de 2010

Glauco : calaram um gênio

Um dos gênios do cartum brasileiro, o mestre Glauco Villas Boas, 53, foi morto dentro de casa, em Osasco, por bandidos, após tentativa de assalto. O filho dele, Raoni, 25, também morreu pelas mãos de dois homens armados que invadiram a casa. O advogado do cartunista, Ricardo Handro, afirma que dois homens invadiram a casa de Glauco e o agrediram junto com sua mulher. Ainda assim, o mestre teria tentado negociar com os bandidos, tendo chegado a convencê-los a sair para sacar dinheiro em um caixa eletrônico. Quando Glauco saía de casa, o filho Raoni entrava pelo porão. Ele viu o pai sangrando sob a mira de uma arma. Aí Raoni iniciou uma discussão com os ladrões. Eles reagiram, atirando nos dois, fugindo em seguida. A polícia de Osasco investiga o caso. O velório do cartunista será hoje, na igreja Céu de Maria, em Osasco. Glauco era um gênio, dono de um humor raro e fino, cujo maior traço era a capacidade de retratar os tipos urbanos e comuns das nossas metrópoles. Ao lado de Angeli e Laerte, outros dois grandes mestres – na minha opinião, os três são os melhores cartunistas de todos os tempos do Brasil. Glauco era místico e adepto do Santo Daime. Chegou a ser sacaneado por Angeli e Laerte por conta disso – o personagem Rhalah Rikota foi criado pelo primeiro inspirado em Glauco. “Eles tiraram muito sarro dessa minha nova jornada, contou em seu site. O cartunista é autor de uma família de tipos como Dona Marta, Zé do Apocalipse, Doy Jorge e Geraldinho. Para a estação UOL Humor, Glauco criou em maio de 2000 os personagens Ficadinha -publicada aos sábados- e Netão -publicado às terças e quintas. Netão é “uma mistura de Casal Neuras com Geraldão”, explica Glauco. “Ele é um cara metropolitano, de uns 30 anos, que vive internado no apartamento e viaja pela tela do computador.” Nesses anos, as histórias se transformaram, sintonizadas com mudanças de comportamento, modas e manias, mas Glauco continuou fiel ao seu traço único e desenhava com nanquim no papel. Usava o computador só para colorir as tiras, depois de escanear seus desenhos. “Para meu tipo de desenho, só mesmo com a pena, que dá um traço peculiar”, revela. Ex-guitarrista, o pisciano Glauco também já inspirou personagens de outros cartunistas. Angeli baseou-se nele para criar o Rhalah Rikota, “na época em que o Glauco era seguidor do guru indiano Rajneesh”, diz Angeli. “Daimista” há anos, Glauco dirigiu um centro de estudos que usa a bebida feita de cipó -a ayahuasca- para fins religiosos, em cerimônias inspiradas em rituais praticados por índios da Floresta Amazônica. Olimpio Cruz Neto

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário: